A História dos Vitrais
Os vitrais eram essenciais para ensinar ao povo os ensinamentos religiosos através das figuras ilustrativas. E foi uma das primeiras artes góticas da História.
Os vitrais eram criados de uma forma artesanal e com o tempo as técnicas foram aprimoradas, surgindo modelos ricos e detalhados do estilo gótico. Eram enormes janelas coloridas que tinham como único objetivo, não apenas adornar as igrejas, mas chamar a atenção das pessoas à uma vida religiosa, pois além de ilustrar cenas bíblicas, eles também aludiam às promessas das Escrituras como, por exemplo, a vida no paraíso após a morte terrena.
Numa época em que o desenvolvimento técnico para a arquitetura e novas artes ainda estava nascendo, o requinte, a complexidade e os vários materiais que envolviam a fabricação de um vitral, prova a competência de artesãos que consolidavam um novo conceito estético, reafirmando um novo período da história.Na qualidade de representantes do poder clerical, as igrejas medievais demonstraram todo o progresso técnico e material da época, lançando-se à frente da construção de vitrais góticos. Construídos durante o século 10, os primeiros modelos eram bastante rústicos: resumiam-se a alguns buracos feitos no muro preenchidos com cristais coloridos. À medida em que as técnicas de construção foram se aperfeiçoando, a parede foi sendo gradativamente substituída por grandes janelas coloridas.
Janelas imensas e adornadas com santos em passagens bíblicas, os vitrais atraíam cada vez mais fiéis. “As janelas envidraçadas que estão nas igrejas e pelas quais (…) se transmite a claridade do sol, significam as Santas Escrituras, que afastam de nós o mal, enquanto nos iluminam”, escrevia Pierre de Roissy, chanceler da Catedral de Chartres, por volta de 1200. Assumindo cada vez mais importância dentro do universo religioso, esses vitrais eram considerados pelo Papa Leão XIII “o verdadeiro espírito do Evangelho”: ensinavam a História Sagrada, a história dos homens e as verdades da fé. De fato, em muitos dos vitrais medievais, a importância da luz e da cor foi maior do que a do próprio desenho.
A aura colorida do vitral foi elaborada para tornar-se um mediador entre os reinos terrenos e divinos, uma manifestação metafórica da força divina e do amor. Simbolicamente, a igreja teria então o objetivo iniciático de fazer com que o homem comum, ao adentrar seus mistérios, renascesse para existência mais espiritualizada.
As artes criadas para os vitrais eram pensadas em apenas duas dimensões. A ilusão de volume e perspectiva não era possível nesse caso, pois os desenhos eram atravessados pela luz (e não iluminados pela luz ambiente).
A qualidade luminosa dos vitrais corresponderam aos conceitos metafísicos de luz e espiritualidade desenvolvidas pelos teólogos cristãos.Para sua criação de um vitral, o pintor fazia um esboço do desenho a ser aplicado em cima do vidro. Enquanto isto, diversas sessões de aquecimento preparavam o vidro para assumir as formas e colorações da arte.
Realizando a fundição e a modelagem dos perfis de chumbo, os vitralistas aqueciam as peças de vidro coloridas até atingirem o seu ponto de quebra. Com um estilete com ponta de diamante, recortava o vidro, encaixava-o na armação e empregava uma massa para que a água não passasse pelo vitral.
O contraste era criado a partir das formas destacadas sobre o fundo (vermelho sobre azul, verde sobre vermelho) e reforçado pelas barras de chumbo que, circundando os contornos do desenho, serviam não apenas para reunir solidamente os pedaços de vidro, realçando as formas com nitidez.